Curiosidades

A história do chimarrão

O chimarrão é uma bebida que, no Brasil, associamos diretamente ao estado do Rio Grande do Sul, o que pouca gente sabe, no entanto, é que a bebida é um legado que as populações indígenas do sul do continente americano deixaram para nós.

A mistura da água com o mate moído servido em cuias nasceu com os povos caingangue, guarani, aimará e quíchua, que já habitavam a região quando os europeus chegaram para colonizar a região.

Curiosidade: o chimarrão já teve o seu consumo proibido no Brasil durante o século XVI, pois os padres jesuítas o consideravam uma “erva do diabo”, devido ao seu suposto teor afrodisíaco, nunca comprovado.

Faça você mesmo: chimarrão

O preparo do chimarrão não é muito complexo. Para consumir a bebida basta aquecer a água até a temperatura de 80 graus e misturar com o mate moído em uma cuia, recipiente feito com o fruto da cuieira ou do porongo. Enquanto a primeira possui formato esférico, a segunda tem um molde parecido com o do seio de uma mulher.

Além disso, para tragar a bebida é necessário o uso de talher conhecido como bomba, um canudo com seis a nove milímetros de diâmetro e aproximadamente 25 centímetros de comprimento. Muitas bombas são feitas em prata lavada e decoradas com pedras preciosas. O talher possui um filtro na parte inferior um formato adaptável à boca em seu topo, que costuma ser executado em folhas de ouro para que não oxide.

Existem alguns segredos podem te transformar em um quase mestre do chimarrão. Veja os passos a seguir:

  1. Coloque a erva-mate na cuia até preencher mais ou menos dois terços do recipiente.
  2. Na sequência, cubra a cuia com uma mão, incline-a e dê leves tapinhas nela, para que a erva fique concentrada de um lado só e seja assentada com perfeição.
  3. Retorne com o recipiente à posição vertical, mas tenha muito cuidado para que o mate não volte também.
  4. Acrescente um pouco de água morna para que a erva fique úmida e inchada e espere a sua absorção.
  5. Pegue aquela água aquecida a 80º e despeje na cuia.
  6. Enterre a bomba na erva-mate até que ela chegue ao fundo da cuia. Quando fizer isso, mantenha seu bocal coberto com o dedo polegar, para que o assentamento seja perfeito.
  7. Em seguida, consuma o seu chimarrão e torne a colocar água quente para repetir a dose. Você pode repetir essa operação até a bebida parar de espumar. Quando isso acontecer, a sua erva terá enfraquecido e não apresentará o sabor ideal.

Como consumir

Considerado uma bebida de apreciação coletiva, o chimarrão tradicionalmente passa de mão em mão enquanto está sendo consumido. Esse hábito, herdado dos nossos ancestrais indígenas se tornou um símbolo da hospitalidade gaúcha, afinal, por lá, é muito comum se receber alguém com um belo trago e boa prosa.

Mas vale lembrar que, costumeiramente, o primeiro a experimentar a bebida é aquele que a preparou, também chamado de mateador. Na etiqueta do chimarrão, é ele quem tem o direito de ficar com o trago mais marcante, dotado um amargor mais aflorado.

Também ingerido com muita intensidade nos nossos vizinhos Argentina e Uruguai, o chimarrão é uma bebida que, além de acompanhar muitas boas histórias, traz uma série de benefícios para o corpo humano.

A erva-mate contém possui muitas vitaminas necessárias ao organismo: B1, B2, B6, C, E e D, além de sais minerais como ferro, fósforo, potássio e manganês.

Além disso, existem estudos que apontam que o chimarrão é uma bebida altamente digestiva e contribui com a redução dos níveis de colesterol ruim, o que acaba contribuindo com a prevenção de doenças cardíacas e vasculares.

Outra característica da erva-mate é a sua atuação antioxidante e anti-inflamatória, que pode ajudar a prevenir o envelhecimento das células. Dica para quem quer parecer mais jovem!

Chimarrão x tereré

A erva-mate, em alguns lugares, é consumida misturada à água gelada. Esse preparo, que se assemelha ao chimarrão em termos de ingredientes, é chamado de tereré. Essa bebida é bastante consumida no Paraguai e, aqui no Brasil, tem seu maior nicho no estado do Mato Grosso do Sul, já na região Centro-Oeste. A tradição recomenda, inclusive, o uso de pedras de gelo na água. Quanto mais frio, melhor.

As diferenças entre o tereré e o chimarrão não se limitam à temperatura da água. A bebida fria é servida em um recipiente chamado guampa, que se assemelha ao formato de um chifre de boi e é revestido com couro. A bomba também não é a mesma, os paraguaios usam metal alpaca, para evitar a ferrugem.

Além do mate, o que as duas bebidas tem em comum é o modo como são consumidas, pois o tereré também é apreciado em boas rodas de prosa, seja entre amigos ou familiares.