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Fogão a lenha: por que é tão querido pelo sertanejo

A paixão do povo sertanejo pelo Fogão a lenha
Fogão a lenha – Confira um pouco mais de sua história – Crédito da Imagem: http://itapoapordentro.blogspot.com.br

Prepara-se, pois o assunto de hoje é comida. Você tem de fome de que? Nós da equipe do blog Rodeo West temos fome de comida feita em fogão a lenha. E para homenagear esse verdadeiro patrimônio da cultura caipira, vamos entender essa fascinação pelo fogão a lenha, ou fogão caipira, no universo sertanejo.

Mas antes de começar, aqui vai um alerta: se você estiver com fome, aconselhamos a fazer um lanche rápido antes. Só por precaução. Está preparado agora? Então, continue lendo o texto para saber por que a combinação de fogão e lenha é tão importante para o mundo sertanejo.

Poesia que explica

Para começar com o pé direito, aqui vai uma canção da dupla Chitãozinho e Xororó:

“Pegue a viola, e a sanfona que eu tocava

Deixe um bule de café em cima do fogão

Fogão de lenha, e uma rede na varanda

Arrume tudo mãe querida, que seu filho vai voltar”

A música do duo de artistas fala de quando o filho cresce e enxerga que precisa sair de casa para ter sua independência. Porém toda essa vida independe também traz muita responsabilidade e a saudade de casa. O filho sente falta, inclusive, do fogão de lenha.

E está mais do que justificado o filho sentir falta do fogão a lenha, afinal, algumas das melhores refeições do mundo são feitas nesse tipo de fogão. Claro que não estamos falando de estatísticas, só estamos falando que muitas refeições podem ficar mais saborosas se forem feitas em um fogão de lenha.

É fácil associar as receitas caipiras ao preparo no fogão a lenha. São apetitosos pratos como broa de milho, tutu de feijão, carne de porco, couve, carne de galinha, cuscuz, virado à paulista, linguiça, lombo de porco e muito mais. Falamos que você ficaria com fome, não é mesmo?

Alguns tipos de comida são mais comuns que outros, tais como a carne de porco, que é usada com frequência no interior de Minas Gerais. Mas, como muitos sabem, comida não tem fronteira. Você pode comer o que quiser e a hora que quiser.

Um pouco de história

Agora vamos nos aprofundar na história do fogão a lenha, que é mais antiga do que você pensa. Tudo começou com as tribos indígenas Tupi-Guaranis e Timbiras que chamavam o fogão a lenha de Tucuruba. Claro, que eles não construíam do modo que conhecemos hoje. Afinal, são povos e épocas diferentes. O fogão de lenha dos indígenas era desenvolvido de modo simples: um buraco no chão protegido por pedras. E em cima dessas pedras se colocavam as vasilhas de cerâmica ou barro que eles usavam para colocar as refeições.

Os bandeirantes, que não são bobos nem nada, descobriram a engenhosidade e logo tomaram a aprendizagem para si. Pulando alguns anos da história brasileira, ilustrações dos livros de história mostram grandes fogões a lenha. Muitos deles eram usados por escravos que deveriam fazer grandes quantidades de comidas para os seus donos.

Com o passar dos anos e com o desenvolvimento da tecnologia, o mundo foi agraciado com a praticidade do fogão elétrico e do forno a gás. Porém, ainda é possível encontrar o fogão a lenha nas casas do interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais e em muitos outros lugares do Brasil. Em uma tendência vintage ou retro, muitas residências com quintal (casas) e locais de lazer (como chácaras e espaços de aluguel de festa) constroem o fogão a lenha.

Mais de um tipo de fogão de lenha

Vamos considerar que no Brasil há dois tipos de fogão a lenha. Venha ler um pouco mais sobre cada um deles.

Algumas cidades do interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais ainda podem utilizar o fogão de alvenaria. Esse tipo de fogão funciona da seguinte forma: o objeto possui um local em que a lenha deve ser colocada, um tipo de nicho. Acima, há uma chapa para que as panelas sejam acomodadas e, no fundo, há uma redoma para assar deliciosos bolos e pães.

E em algumas cidades do Brasil, principalmente no sul do País, é possível encontrar um tipo de fogão feito em metal que pode ser alimentado com a própria lenha ou carvão vegetal. O material irá aquecer o forno e a chapa de metal em que as panelas e outros utensílios são colocados.

Dicas de leitura

Se você quiser saber mais das deliciosas receitas feitas no fogão a lenha ou ainda entrar nesse universo e saber mais da cultura caipira que o envolve, vale a pena procurar pelo livro “Lenha no Fogão, Entre Prosas e Receitas”, a tese de pós-graduação da pesquisadora Juliana Venturelli. Juliana saiu do sul do estado de Minas Gerais para cursar Gastronomia no estado do Rio de Janeiro. Além desse livro, ela ainda escreveu “Roteiro Gastronômico Lenha no Fogão: Entre Prosas e Receitas” em 2016.