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Comitivas de rodeio: os verdadeiros divulgadores do esporte

Comitivas de rodeo: verdadeiros divulgados do esporte
Comitiva Eskulacho com o troféu de 5º lugar da IV Etapa do Circuito de Queima do Alho em Itapecerica da Serra/SP – Crédito da Imagem: http://www.expressaoonline.com.br/

Quando você encontrar uma mulher ou um homem com tradições do universo country enraizadas desde o jeito de agir até o modo de se vestir, pode ter certeza de que achou alguém da comitiva de rodeio. Esse grupo leva a manifestação country ao pé da letra e são os grandes divulgadores do esporte de montaria e da cultura sertaneja. Conheça um pouco mais sobre esses grandes apreciadores do rodeio.

Muitas comitivas usam roupas como se fossem uniformes ou acrescentar alguma forma de identificação na roupa. Então será fácil encontrar quem é da comitiva no evento. O sentimento da organização é genuíno: propagar de forma simples como as tradições sertanejas e country são interessantes para serem mantidas.

E não é só isso! Geralmente as comitivas de peões de boiadeiros fazem muito mais do que simplesmente aproveitar o evento, elas também se envolvem em provas. São competições como o Circuito Queima do Alho.

Como funciona o Circuito Queima do Alho

O Circuito Queima do Alho celebra a tradição dos boiadeiros e peões. Esse costume começou quando esses trabalhadores faziam comitivas para chegar à Barretos (cidade no interior de São Paulo). Durante o caminho sempre perguntavam quem queimaria o alho. O voluntário ou escolhido deveria descascar o alho e o colocar na gordura animal, como se fosse conserva, durante a saga.

Assim, quando o grupo chegasse ao local desejado, o tempero já estaria pronto. O próximo passo era só colocar em um fogão montado de forma simples bem próximo ao chão mesmo. Desses fogões improvisados saíam maravilhas da culinária caipira. Os pratos feitos eram refeições típicas, tais como o arroz carreteiro, o churrasco, a paçoca (farofa no pilão), a carne na chapa de ferro e o feijão gordo. Como as viagens duravam muito tempo, os tropeiros precisavam estocar alguns tipos de alimento. As carnes guardadas eram charque e ainda haviam outros embutidos.

Na mesma tradição, ainda há o Ponto de Pouso, um pequeno concurso em que vence quem fizer o prato mais saboroso e em um menor tempo.

A Festa de Peão de Barretos dá espaço para essa competição com comitivas de todo o Brasil todos os anos. Na festa de 2016, foram 20 organizações de 4 estados brasileiros. Os deliciosos e tradicionais pratos são avaliados por uma comissão julgadora.

Saiba mais sobre a comitiva “Os Independentes”

 A história desse grupo envolve muito da cultura country que se manifesta no Brasil, principalmente em São Paulo.

No século XX, a cidade interiorana de Barretos era ponto de parada para grupos de boiadeiros de Mato grosso, Goiás e Minas Gerais. Em 1947, o prefeito da cidade resolveu fazer um rodeio com montaria a cavalo para distrair essa população de viajantes. O evento ocorreu em um picadeiro chamado Recinto Paulo de Lima Correa.

Enquanto essas festas aconteciam, ocorria outro fato histórico: a reunião de 20 amigos que formou a organização “Os Independentes”. Fundado em julho de 1955, o grupo tinha o objetivo de angariar recursos para ajudar associações sociais.

Com o sucesso crescente das festas de peão, os 20 amigos resolveram ir mais longe e tomar as rédeas da situação. Em 1956, eles criaram a 1ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos em um picadeiro de circo. Nessa época, o evento acontecia em 2 dias (25 e 26 de agosto) e tinha manifestações culturais como danças folclóricas, apresentações de duplas sertanejas, a competição gastronômica da Queima de Alho, a apresentação do ritmo Catira e muito mais. Essa festa ocorreu no mesmo picadeiro.

Desde então, a celebração nunca deixou de acontecer. A Festa do Peão ganhou tanta dimensão ao longo dos anos que passou a atrair público de outros países como Argentina, Paraguai e Uruguai.

Nos anos 80, as arquibancadas ficaram mais altas para atender o público com um pouco mais de conforto. Em 1983, a celebração chegou a receber 13 mil pessoas. O avanço foi tão estimulante, que, no ano seguinte, começou a ser construída uma estrutura em um novo terreno. Hoje em dia o local é conhecido como o Parque do Peão.

Com mais de 60 anos, a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos tem atualmente uma média de público de 900 mil pessoas. Além desse número exorbitante, a celebração é considerada o maior evento com esse tema na América Latina.

Conheça outras comitivas de rodeio do Brasil

Existem algumas comitivas de peão e boiadeiro que se destacam no cenário sertanejo. Vamos falar um pouco sobre elas agora. Confira!

Comitiva da “Associação Cavaleiros da Cultura (ACC)”

Grupo de cavaleiros que aproveita para distribuir livros enquanto percorre milhares de quilômetros. Durantes as cavalgadas culturais, a organização também conta com grupos de voluntários que recebem as doações e treinam professores. A primeira viagem aconteceu em 2007 e se chamou “Cavalgada do Centenário de Oscar Niemeyer”, em homenagem ao célebre arquiteto. Ela partiu de Goianá (MG) e foi até Barretos em 19 dias.

Comitiva “Antônio Ângelo”

Organização que exerce atividades desde os anos 50. E, apesar do meio de maioria masculina, a comitiva é comandada pela Dona Dalva, filha do próprio Antônio, há mais de 6 décadas. Literalmente, uma tradição que passou de pai para filha e que ajuda a manter viva a cultura sertaneja.