Curiosidades da Raça Paint Horse
A origem do Paint Horse está ligada a um dos cavalos mais famosos do mundo, o Quarto de Milha, do qual é derivado. Ambos são de origem norte-americana. O Quarto de Milha é o resultado do cruzamento entre as raças puro sangue inglês (que foi para os EUA durante a colonização) com o Mustang estadunidense, um cavalo selvagem e nativo do país americano.
Além de muito úteis, os cavalos eram utilizados para o divertimento em tempos passados. A raça oriunda do cruzamento entre o puro sangue inglês com o Mustang saia-se muito bem nas corridas de 400 metros, e por isso essa nova raça foi chamada de quarto de milha. Aos poucos, o mercado americano de cavalos foi sendo muito favorável ao Quarto de Milha – por conta da formação óssea e muscular dos animais -, mas aqueles que contavam com manchas eram discriminados. Antigamente, uma regra desprezava os cavalos que contassem com qualquer tipo de mancha branca acima de 5 centímetros quadrados no corpo, em cima do joelho, ou entre os cantos da orelha até o canto da boca. Esse tipo de animal não podia se reproduzir e não era considerado de raça alguma.
Muito tempo passou, até meados do século XX – mais precisamente em 1962 -, quando os norte-americanos perceberam a injustiça com esses cavalos, animais que são, na verdade, basicamente os mesmos do tipo Quarto de Milha, mas com uma vantagem de ter uma pelagem exótica. O chamado doravante de Paint Horse (ou Cavalo Pintado), extremamente dócil e versátil, ganhou uma associação para cuidar de sua linhagem nos Estados Unidos, a American Paint Horse Association. Segundo ela, estima-se que 20% de todos os cruzamentos de Quarto de Milha resultam em um cavalo Paint Horse.
Trata-se, portanto, de uma das raças de cavalos mais novas do mundo, mas não por isso é menos valorizada que todas as outras. Nos EUA, por exemplo, a raça está colocada entre as primeiras no ranking de comercialização e a terceira em quantidade de cavalos (segundo a APHA), e não é difícil saber o porquê: beleza em seus pelos exóticos (como se fossem realmente pintados à mão), e a versatilidade que não deve em nada a outras raças para o trabalho, lazer ou mesmo na prática de esportes hípicos.
De acordo com a APHA, na América do Norte existem hoje cerca de 500 mil animais registrados, e aproximadamente 60 mil criadores, além de 50 mil em outros, incluindo o Brasil. A preocupação com as modalidades de performance e com as classes amadoras garante a manutenção do interesse pelo animal, abrindo mercado e estimulando seu crescimento. No Brasil, quem zela pela raça é a ABC Paint (sigla para Associação Brasileira do Cavalo Paint).
NO BRASIL
Uma das provas do crescimento e aceitação do Paint Horse no Brasil foram os saltos no número de cobertura, principalmente os que aconteceram na década de 1990. Em 1995, aconteceram 350 comunicações de coberturas; em 1996 cerca de 890; em 1997, 1320 coberturas; em 1998 um salto para 2.100 comunicações, em 1999, 2.357. Em 2000, por sua vez, o total foi de 2.987 coberturas. De lá para cá, os números somente foram aumentando sem parar.
O Paint Horse possui dois tipos de coloração: overo e tobiano. Overo é a pelagem de fundo básica com grandes manchas brancas e irregulares; já tobiano é a pelagem de fundo branco com grandes manchas de outras cores e irregulares. Uma curiosidade extra: antes de ser criada a associação do cavalo Paint no Brasil, a Associação Brasileira do Quarto de Milha passou a fazer um registro especial de cavalos especificando o excesso do branco.
NA HISTÓRIA
Há registros de apreço pelos cavalos Paint mesmo antes deles serem classificados como uma raça diferenciada. Representações primitivas arranhadas cuidadosamente nas paredes das cavernas pré-históricas pelos homens provam esse fascínio pelo cavalo colorido.O cavalo com manchas também têm sido sempre representado nos trabalhos artísticos, e podemos notar essa admiração em mosaicos, pinturas nas paredes, cerâmicas e joias decoradas com a semelhança do cavalo pintado, que evidenciam a popularidade desses animais entre os cavaleiros de todos os tempos e épocas.
ÍNDIOS E COWBOYS
As fazendas da Espanha colonial no continente americano se desenvolveram rapidamente no início do século XVI, e cavalos eram animais comuns em todas elas. Muitos desses cavalos escapavam e se desenvolviam em liberdade formando núcleos de cavalos selvagens ou Mustangs que se espalharam pelas imensas planícies e forneciam aos índios tropas selvagens de onde eles podiam tirar os animais que precisavam.
Tempos depois, no início do século XIX, milhares de cavalos selvagens estavam espalhados pelo oeste americano. Entre eles, de acordo com observações de viajantes do período, estavam os Paints. Os cavalos mudaram o modo de vida dos índios das planícies, transformando-os de agricultores e dependentes de plantas a guerreiros nômades que a história recorda.
Os comanches foram considerados pelos historiadores daquela era como os melhores cavaleiros das planícies, sempre escolhendo os cavalos Paints como suas principais montarias por conta das “pinturas” naturais de guerra. Gravuras desse tipo de animal foram encontradas em peles de búfalo e vestimentas usadas pelos comanches.
Os Paints também estavam entre os preferidos do cowboy americano. Quando as grandes boiadas eram levadas através das estradas do Texas em direção ao Kansas e Missouri, os cowboys montavam esses típicos cavalos pintados. Podem reparar: artistas da época reproduziram cowboys e índios cavalgando os Paints.