Carroça de Boi ou Carro de Boi – Um dos primeiros transportes
Carro, carroça ou carreta de boi. As variações nominais são inúmeras, mas a existência desse meio de transporte é primitiva. Originário na Idade da Pedra, o carro de boi está a serviço do engenho de açúcar desde a colonização portuguesa e foi um dos primeiros transportes utilizados no Brasil, principalmente nas áreas rurais. Conduzir pessoas e fazer mudanças também eram de seu feitio – tanto que há versão coberta do meio de transporte.
O veículo de duas rodas, puxado por uma junta de bois, era um dos meios de transporte mais utilizado para levar a produção das fazendas para as cidades.
Características
A estrutura do carro de boi não conta com o diferencial, e as rodas do veículo travam sempre que encaram uma curva. Em movimento, ele emite um som estridente singular chamado canto – que o caracteriza e anuncia sua passagem a todos os próximos.
O carro também conta com algumas partes que fazem dele o que é: um típico meio de transporte do sertanejo brasileiro. Entre as partes está a canga (colocada sobre o pescoço de dois bois), o canzil (estacas que atravessam a canga e limite a posição do boi), o cabeçalho (trave que liga o carro à canga), a cantadeira (que fica em contato com outras parte do carro e produz o som), entre outras.
Histórias
Em 1839, durante a Guerra dos Farrapos, o líder da revolução, Giuseppe Garibaldi precisava escapar com seus barcos por terra. A solução surgiu a partir de uma ideia do mestre carpinteiro Joaquim de Abreu: montou dois carretões que, atrelados a bois, conseguiram transportar os barcos até o rio Tramandaí.
Durante a 2a Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, o carro de boi apareceu novamente em algumas regiões do Brasil, por conta da falta de combustível para automóveis motorizados.
O canto
Uma das características mais marcantes desse meio de transporte, que é um dos maiores símbolos sertanejos, é o som, considerado por muitos como um verdadeiro canto. Um não, três! Já que os carros de boi cantam em três tons distintos: Pombo, que é o médio, macio; Gaita, fino e alto; e Baixão, que é grosso e grave. O tipo de som que as rodas do carro emitem dependem muito do tipo de madeira com que são feitas, do metal utilizado, e também do peso que o veículo leva.
E falando em sons…
“Meu véio carro de boi, quantas coisa ocê retrata/A estrada e a verde mata, e o tempo do meu amor”. A dupla caipira mais importante da história brasileira, que vendeu 150 milhões de discos, Tonico e Tinoco retrata o carro de boi, em canção homônima, como sinônimo de trabalho árduo e trata o transporte de maneira afetiva, como um companheiro de estrada. A dupla também destaca os pontos negativos do progresso, e sugere que o transporte foi substituído pelos motes da globalização: “Meu véio carro de boi, trabaiaste tantos ano/O progresso comandando no transporte do sertão/ Hoje é um traste véio, apodreceu no relento/No museu do esquecimento, na consciência do patrão”.
Hoje em dia
O estado de Minas Gerais cultiva a tradição dos carros de boi em festivais dedicados a esse símbolo da roça brasileira. Cidades como Formiga, Ibertioga, Matutina e Lima Duarte são famosas por conta dessas festas, que reúnem apaixonados por esse patrimônio cultural. Os carreiros se organizam em comitivas e se dedicam para o grande dia. O som do berrante anuncia quando chega a hora de apertar as cangas e posicionar os carros de boi. O desfile é o símbolo de uma vida de labuta e remete às origens da romaria.