De bezerro a boi de rodeio – Como tudo começa?
Quem vê um boi de rodeio bravo dificultando a vida do peão que tenta permanecer, muitas vezes sem sucesso, 8 segundos montado nele, nem imagina a trajetória que esse animal percorreu para chegar até lá. Assim como os competidores do rodeio, os bois também precisam receber treinamento e se desempenhar bem para continuar com a carreira nas arenas.
De bezerro a boi de rodeio: como é a preparação dos animais de competição
Quem assistiu a um rodeio 2020, presenciou anos de treinamento anteriores dos bois que estavam na arena. Confira, a seguir, como é a jornada de preparação de um boi destinado a criar problemas para os peões nas arenas.
Questão de genética
Boa parte dos criadores de bois para rodeio utiliza sêmen selecionado de grandes competidores para garantir características genéticas apropriadas. Nem todos os animais de fazenda são boas alternativas para essa função e, por isso, o preparo começa antes de o bezerro nascer.
Treinamento
O preparo para impedir que os peões permaneçam os 8 segundos regulamentares montados, começa quando esses animais são apenas bezerros. O treino começa com o uso de um cowboy mecânico para que os bois se acostumem com a ideia de serem montados e aprendam que precisam saltar, dar coices e fazer o que for necessário para atrapalhar quem está em cima deles.
Preparo físico
A partir dos dois anos de idade, esses animais já começam a ter contato com as arenas, mas o treinamento vai além, com natação e fortalecimento muscular. Não é nada fácil ser um boi de rodeio, afinal, além de ser um saltador ágil, é importante ser forte. Mas, tem as suas vantagens também, esses animais recebem alguns mimos para que possam relaxar, tornando-se mais aplicados nas atividades físicas.
Check-up
Para ter certeza de que a saúde desses bois está em ordem, são feitos check-ups a cada dois meses com exames de sangue. É preciso identificar o quanto antes doenças como anemia, tuberculose, entre outras, que podem levar a prejuízos de desempenho. O veterinário deve, ainda, verificar como está a saúde muscular desses animais, uma vez que eles podem apresentar problemas decorrentes do esforço que fazem nas competições e treinos.
Alimentação especial
Para que consigam aguentar a rotina pesada de treinos, esses bois precisam de alimentação especial, recomenda-se pelo menos 30 kg de silagem, 5 kg de ração balanceada (determinada por um veterinário com foco em fornecer todos os nutrientes necessários) e 1,5 kg de aveia. Essas quantidades variam de animal para animal, de acordo com seu porte, sendo essa apenas uma média.
A aposentadoria dos bois de rodeio
Um boi de rodeio pode competir por mais ou menos cinco anos, no entanto, são bem raros os casos em que os animais conseguem se manter na ativa por tanto tempo. Quando há o entendimento de que esses animais chegaram ao fim da carreira, são levados para as fazendas em que foram criados para que possam descansar e aguardar o curso natural da vida.
Os criadores têm a responsabilidade de cuidar bem dos animais que estão em aposentadoria, mantendo o acompanhamento do veterinário e a boa alimentação dos mesmos. A diferença passa a ser que esses animais não treinam mais, de maneira que ficam apenas descansando.
Fama e estrelato
Quando um boi de rodeio começa a se mostrar imbatível até para os melhores peões do circuito, começa a chamar atenção, alcançando fama e estrelato. No entanto, não são tantos assim os casos de animais que chegam a essa condição. Um exemplo é o boi Bandido, cuja fama o transformou em personagem na novela “América” da Rede Globo. Esse touro faleceu em 4 de janeiro de 2009, em decorrência de um câncer de pele.
Outro boi que desperta frio na espinha dos competidores é o boi Bipolar, o nome se deve à sua instabilidade de humor, podendo derrubar um peão sem dó e nem piedade, caso não esteja em um bom dia. Em 2019, o touro Bipolar se aposentou, para a alegria de muitos peões que não queriam ter que enfrentá-lo nas arenas.
Equipamentos de segurança
Tanto o boi quanto o competidor, precisam usar equipamentos de segurança para garantir que nenhum dos dois será machucado durante o embate. Além disso, existem algumas regras quanto aos materiais de que os acessórios usados pelo peão podem ser feitos, para não causar dor ao animal.
As rosetas não podem ser pontiagudas e as cordas precisam ser feitas de lã para não causar atrito. Nessas competições, sempre há um veterinário presente para fazer a verificação dos itens utilizados para ter certeza de que o animal estará seguro. Além disso, sempre surgem novidades no mundo country no que diz respeito a equipamentos para esse tipo de competição.
Gostou de saber mais sobre como é a jornada de um boi de rodeio desde bezerro? Não é fácil se tornar uma barreira para os peões!
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