Aquaponia: sistema de produção de alimentos
Recebe o nome de aquaponia um sistema integrado de produção de peixes e hortaliças livres de agrotóxicos. Além de se mostrar uma solução sustentável, contribui para tornar a produção de alimentos viável em locais que sofrem com a limitação de água. Continue lendo para entender melhor.
Afinal, o que é aquaponia?
Em linhas gerais, aquaponia é um sistema de produção agrícola integrado a um sistema de produção de peixes. Entre as suas vantagens estão à possibilidade de realizar atividades de piscicultura e horticultura em ambientes urbanos, além de tornar possível produzir alimentos em regiões que apresentam limitação de água para essa atividade. Trata-se de uma solução bastante relevante para o cenário ambiental atual.
Aquaponia: entendendo o funcionamento dos sistemas aquapônicos
Atividade que vem ganhando destaque no agronegócio, a aquaponia pode ser realizada com sistemas relativamente simples. O sistema aquapônico é constituído de maneira geral por três elementos: tanques em que os peixes são criados; filtros para o tratamento da água e sistema de cultivo das plantas.
Em todos os tipos de sistemas aquapônicos há interligação dos tanques de criação dos peixes com um módulo de filtragem. Esse módulo costuma ser composto por decantador, filtro biológico e um tanque que possui aeração intensa para eliminar os gases.
Há três sistemas de aquaponia mais populares: NFT (Nutrient Film Technique), MBT (Media Bed Technique ou sistema semisseco) e DFT (Deep Film Technique). Conheça mais sobre cada um desses sistemas abaixo.
NFT (Nutrient Film Technique)
Esse sistema dispõem as plantas em orifícios distribuídos em canaletas de PVC. Suas raízes ficam parcialmente mergulhadas na água do tanque de criação dos peixes. Trata-se de um sistema de manuseio prático e com boa taxa de aproveitamento. Interessante para pequenos agricultores.
MBT (Media Bed Technique ou sistema semisseco)
É o sistema mais indicado para aquaponia doméstica. Nesse sistema as plantas são cultivadas diretamente no substrato em caixas plásticas, bombonas, entre outros. Podem ser utilizados como substratos os seguintes materiais: argila expandida, brita, cascalho, tijolos ou telhas quebrados.
O substrato atua como filtro biológico e mecânico, estabelecendo, assim, elevada relação superfície-volume que contribui para a colonização de bactérias nitrificantes. Apresenta fácil manuseio.
No entanto, tem como desvantagem a necessidade de usar um sifão para a drenagem da água e o trabalho constante de manutenção para evitar entupimentos. Da mesma forma que se dá nos outros dois sistemas, no MBT a cama de cultivo é devidamente alimentada pela água que vem do tanque dos peixes.
DFT (Deep Film Technique)
Nesse sistema o tanque de peixes está ligado a outro tanque com a água oriunda do primeiro. As plantas ficam distribuídas em placas de plástico ou isopor, mantendo as suas raízes submersas. O ponto mais vantajoso desse sistema é o fato de não ser necessário o uso de substrato. Porém, demanda o uso de um aerador para que as raízes das plantas sejam oxigenadas.
Espécies de peixes e plantas melhor adaptados
Para que a atividade de aquaponia seja bem-sucedida, é determinante escolher as espécies de peixes e plantas melhor adaptadas ao sistema. No caso das espécies de peixes, é necessário que sejam minimamente tolerantes a elevadas densidades de estocagem e manejo realizados diariamente.
Uma espécie de peixe que se destaca na aquaponia é a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) que também apresenta outros requisitos, como rusticidade, excelente valor comercial e boa conversão de alimentos.
Outro bom candidato é o peixe tambaqui da Amazônia (Oreochromis niloticus), que tem ótimo valor de mercado. Peixes ornamentais, como a carpa (yprinus carpio), também devem ser considerados.
Vale mencionar que não são apenas os peixes que podem ser utilizados nessas atividades, crustáceos, como os camarões Litopeneaus vannamei e Macrobrachium amazonicum, também funcionam bem nessa atividade.
No que diz respeito às plantas que podem compor esses sistemas com sucesso, podemos citar manjericão, alface, repolho, rúcula, tomate, agrião, morango, quiabo, pimenta, pepino, entre outros. Em linhas gerais, todas as plantas cultivadas na hidroponia podem ser empregadas na aquaponia, inclusive as hortaliças tuberosas.
A água da aquaponia
Além dos peixes e das plantas, os sistemas aquapônicos têm como elemento de destaque a água, que deve ser adequada para o sucesso do sistema. É possível utilizar sem prejuízos a água tratada da cidade, desde que seja mantida 24 horas em descanso. O cloro é removido naturalmente nesse período de descanso, algo determinante para poder colocar os peixes.
Semanalmente, se deve analisar a água do sistema para identificar a concentração de amônia, temperatura, nitrato, temperatura, pH, entre outros. O ideal é ter um kit básico de análise para fazer essas verificações frequentes. A concentração de oxigênio dissolvido não pode ser menor do que 3 ml/L, para adicioná-lo é possível usar sopradores ou compressores de ar.
O pH ideal para a água do sistema aquapônico fica entre 6,5 e 7,0, no entanto, devido à ação de bactérias, acaba diminuindo constantemente. Faça aferições constantes do pH corrigindo sempre que necessário.
Aquaponia é um sistema de produção de alimentos que está em alta!
Fonte imagem: jornalcidademg.com.br