A evolução do sertanejo
Um dos estilos musicais mais tocados no Brasil, o sertanejo passou por algumas fases desde que surgiu, no início do século passado. Independentemente se você gosta mais das modas de viola, das canções românticas ou das músicas que animam as baladas atualmente, vai gostar de conferir a linha do tempo que elaboramos abaixo. Continue lendo e mergulhe nessa rica e interessante história.
Linha do tempo do estilo sertanejo
Atualmente, as paradas de sucesso brasileiras estão dominadas pelos principais nomes do sertanejo universitário. Para que esses cantores solo e duplas alcançassem tal status houve uma longa história iniciada pelo que ficou conhecido como sertanejo raiz e, é claro, pelas músicas românticas que já foram trilha de muitas desilusões amorosas. Vamos conhecer melhor essa história?
1910 – O nascimento do sertanejo
Estima-se que o estilo musical surgiu em meados de 1910, quando o escritor Cornélio Pires deu início a gravações em que contava “causos” que haviam acontecido do interior de São Paulo. A partir de 1930 começaram a surgir as duplas populares.
1930 – Sertanejo raiz
Uma das duplas de maior relevância para a história da música sertaneja, Tonico e Tinoco começaram a se popularizar na década de 1930 cantando acompanhados pelo inconfundível som da viola. Foram 83 álbuns na carreira da dupla que acabou em 1993, quando Tonico faleceu ao cair de uma escada aos 73 anos de idade. Dentre os seus principais sucessos estão clássicos do sertanejo raiz como “Chico Mineiro”, “Tristeza do Jeca” e “Pinga ni Mim”. Tinoco se apresentou sozinho até o fim de sua vida.
1950 a 1980 – Incorporando outros estilos ao sertanejo
Na metade do século passado algumas duplas sertanejas passaram a incorporar ao seu trabalho musical outros gêneros e instrumentos. Dentre os nomes que se destacaram estão Cascatinha e Inhana, Palmeira e Biá e Milionário e José Rico. Foi também nessa época que teve início a discussão a respeito da validade dessa mescla e da importância de preservar o sertanejo raiz, algo que a dupla Pena Branca e Xavantinho se propôs a fazer para alegria de quem adora o som rebuscado da viola.
Os dois lançaram em 1980 o seu primeiro LP, que continha canções como “Velha morada” e “Cio da Terra”. A dupla acabou em 1999, quando Xavantinho faleceu. Pena Branca continuou se apresentando sozinho até 2010 quando também faleceu.
1980 – O início da era do sertanejo romântico
A dupla que deu início ao sucesso do sertanejo romântico foi Chitãozinho e Xororó, que no ano de 1982 lançou a icônica canção “Fio de cabelo”. Muitas duplas nessa linha de canções que falavam sobre desilusões amorosas e a mulher amada surgiram nessa época, como Zezé di Camargo e Luciano (que se tornariam conhecidos na década de 1990), que também aderiram ao figurino de calças justas, bota e chapéu.
Uma das inovações dessa época foi a introdução da guitarra elétrica nas canções sertanejas. Outra dupla de grande sucesso dessa fase foi Leandro e Leonardo, que estourou nas paradas de sucesso com “Entre tapas e beijos” e as sofridas “Não aprendi a dizer adeus” e “Desculpe, mas eu vou chorar”. A dupla terminou em 1998, quando Leandro faleceu. Leonardo seguiu carreira solo.
2000 – O surgimento do sertanejo universitário
No início do novo século a música sertaneja passou por uma nova transformação saindo do estilo romântico para entrar no que hoje é chamado de “universitário”, em referência ao público atingido. A transição foi feita por duplas como César Menotti & Fabiano, João Bosco & Vinícius e Guilherme & Santiago.
Luan Santana foi o primeiro a investir num estilo jovem e mais animado para a música sertaneja. As músicas passaram a falar sobre baladas, alegria e o clima de “pegação”, bem diferente das canções românticas que lamentavam um amor perdido. O instrumental do gênero ganhou contornos mais eletrônicos, e seguindo nessa onda surgiu o fenômeno Michel Teló com a internacionalmente conhecida “Ai, se eu te pego”, que mesclava forró, pop e sertanejo.
2010 – Surgimento do novo sertanejo meloso e do Feminejo
O ano de 2014 trouxe um novo estilo dentro do sertanejo universitário, o de cantores como Lucas Lucco e Gusttavo Lima, que apostam em canções que têm uma pontinha do “brega meloso” do sertanejo romântico dos anos 1980, além de investimento na aparência. As roupas dos cantores passaram a ter um estilo urbano e que deixa os seus músculos à mostra.
Duplas femininas e cantoras solo também ganharam mais espaço nesse gênero que durante muito tempo foi dominado pelos homens. Nomes como Simone & Simaria, Marília Mendonça, Naiara Azevedo e Maiara & Maraisa têm construído a história do Feminejo. As músicas sertanejas mais atuais têm uma combinação com outros estilos em evidência como o funk, forró e pop. Contudo, não se pode deixar de reconhecer que ainda há muito da alma sertaneja nesse estilo que, como tudo no mundo, evoluiu.